registro da obra "na calada", de Bruno Faria
registro da obra "na calada", de Bruno Faria

A região do hipercentro de Belo Horizonte persiste sendo um local dinâmico e vital para a cidade, apesar da falta de capacidade histórica do poder público em apresentar propostas para gerir o espaço com ações contínuas que não se restrinjam à repressão e à gentrificação com interesses à especulação imobiliária.

O Museu do Sexo das Putas se instaura como ponto de encontro de debate e articulação em arte contemporânea e a experiência de possibilitar o convívio social na diferença, explorando as potencialidades da agência das profissionais do sexo que já atuam organizadas na região como sujeitas importantes para a construção da cidadania. O Museu do Sexo das Putas se propõe a promover ações culturais que fomentem o debate e a reflexão sobre sexualidade, gênero e corpo, direito ao trabalho, direitos migratórios, mantendo conexão com práticas sociais e artísticas, estabelecendo entre elas uma relação despreconceituosa, numa dinâmica fluida de composição conjunta de um centro cultural contemporâneo, com doses de força poética que disparam movimentos de diálogo, de acolhimento, e de crítica do corpo social com a necessidade de repensar-se.

Por meio de uma ação continuada de investigação historiográfica, de pesquisa sensível que envolve práticas artísticas e trabalho clínico, o Museu do Sexo das Putas propõe a possibilidade radical de reflexão crítica sobre luta, arte, cultura, corpo, sexualidade, estigma, escuta e relação. Investigamos dispositivos capazes de fazer brotar contatos para experiências libertadoras de ação e pensamento, de memória e pertencimento.

As profissionais do sexo constituem historicamente um corpo importante na vida cultural de todas as cidades. Vale ressaltar que o Estado, por meio de políticas públicas higienistas e baseadas em senso comum moralizante, contribuiu para o reforço e a sedimentação dos fortes estigmas sociais que recaem sobre profissionais do sexo. Tais estigmas impedem que a sociedade reconheça as expressões culturais e as tradições que existem nesse meio, mesmo diante do longo passado de exercício dessa profissão por gerações de mulheres cis, trans, e travestis, principalmente.

Muitas são as formas de produção de conhecimento, formas de expressão e ação criadora que são próprias do modo de existência das prostitutas: todas elas são valiosas e nos ajudam a pensar criticamente a sociedade que estamos construindo, ou ainda a que poderíamos sonhar e passar a construir ao incorporarmos seus ensinamentos.

Museu do Sexo das Putas no museusbr:
http://museus.cultura.gov.br/espaco/14067/